Axé

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Escolhas e perdas

É uma pena que as todas as escolhas gerem perdas.
Às vezes a perda da nossa dignidade
Às vezes perda de dinheiro
Essa, pouco importa, vai e vem mesmo.
Às vezes de um grande amor
Que, se dermos sorte
Às vezes reencontramos, mas
Geralmente, já raquíticos e broxas.
Nessa, o arrependimento
Nos amarga a boca o resto da vida.
Às vezes nos perdemos de nós mesmos.
A perda da nossa identidade
Talvez seja a única pior que a de um amor.
Obrigada meu Deus,
Com sua ajuda
Escolhi resgatar a minha.

O silêncio de três palavras

Olho, fixa e absortamente,
pras veias tensas dos meus pés azuis.
Por que não consigo tirar os olhos de lá?
Por que não consigo subir esse olhar?
Quanto tempo será que leva pra sarar uma vida?
O mundo não é feito apenas de intenções, mas de ações.
Meu amor é precioso demais para ser negligenciado.
Preciso perdoá-lo por ser altruísta.
E perdoar-me por ser egoísta.
No amor, as coisas são assim mesmo.
Contraditórias por natureza.
Preciso tirá-lo de mim a qualquer custo.
Mas como, se fui marcada com brasa,
E a ferida ainda trago aberta ...Até quando?
O silêncio de três palavras
não me adoça mais os lábios.
Calou-se, amargo. (para sempre?)
Torço para que não seja.
Rezo pra que não seja tarde.

Por hora...

Não se tem mais nada a fazer. Nem mais nada a esperar. A não ser o tempo do dia de hoje acabar, todo dia. “Melhor que seja logo” Maldita seja esta frase! Nunca me arrependi tanto de ter dito tais palavras, dizia eu a mim mesma, como um adicto lembrando o último trago e suplicando por mais uma pontinha. Na memória, Haja o que Houver toca insistente e inconveniente, a disputar espaço com uma puta dor de cabeça. Aquelas que sucedem um longo choro convulso. Quem me dera a dor fosse apenas essa. Preferiria senti-la na enésima potência a suportar sozinha, esses pontos mal costurados e violentamente rasgados no meu coração. Tudo a sangue frio, bem ao meu estilo. Quem mandou ser forte assim...
E as músicas, e os poemas, as declarações de amor na ponte, as cópulas homéricas, as mensagens apaixonadas envoltas pela fibra ótica, as cópulas homéricas, as emoções experimentadas a lágrimas, as cópulas homéricas... E os planos...? ...tão bem arquitetados pelo sonho... Ah, aquelas cópulas homéricas...
Não é possível que não haja um querer sincero nisso tudo. Não é possível que não haja um SENTIDO nisso tudo. Quando não há mais nada a se fazer, confia-se no tempo, nosso último apelo e refúgio. Ele nos dá o silêncio que precisamos, mesmo quando nem sabemos ainda quão precisamos. É sempre bem vindo. E ainda: ambos são amigos que jamais nos traem.
“Vamos tentar outra vez”. A sensação que tenho é que essas palavras não vão sair nunca de dentro de mim. Me senti um lixo, uma intrusa numa tribo prestes a ser sacrificada. Me sinto um Isaac, no alto do monte Moriá. Eu e essa mania de alteridade...
Meus ouvidos poderiam ter sido poupados. Eu inteira poderia ter sido poupada. Mas eu não quis, pois essa não seria eu. É o risco que corre todos os intensos como eu. Essa é a paga dos amantes desavisados, que só escutam o coração. Será que foi tão intenso que gastamos todo o amor de uma só vez? Ou terá sido apenas o prelúdio de uma história ainda não escrita, pois ainda não era a hora... ... Só o tempo dirá.
Nesse ínterim, a solidão me faz companhia. O caminho se faz caminhando. E não vou mentir, penso sim em deixar visíveis rastros, para que possa me encontrar. Reencontrar. Por hora, sigo fazendo o meu destino, enquanto busco ainda um sentido pra isso tudo.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

É demais.

De tanto e não mais me permitir, as lágrimas caem agora, mas para dentro. Senão, pelas minhas trêmulas mãos expelidas. Como um mal espírito a ser exorcizado. Com odor fétido de pele queimada após uma grave descarga elétrica. Pergunto-me: Cadê? Cadê o cheiro das manhãs, quando eu mais preciso dele? Nada responde. ... minhas mãos tremem demais para procurar qualquer coisa dentro de mim. Meus olhos secos são o sinal do que o coração está repleto. ...Por favor, por hoje, me deixem só com o meu silêncio! Não ouvirei música, pois todas as notas soarão destoantes, e me rasgarão o tímpano já ulcerado por hoje. Meu estado inerte mal me deixa tocar nessas desorganizadas teclas. Mais umas cinco ou seis linhas e eu juro que volto a respirar. Hoje, não há ninguém no Três. A não ser eu mesma a resgatar fragmentos meus espalhados por um desafinado sopro dentro do meu sonho. Talvez, quando eu acordar, não haja três. É demais.

domingo, 25 de setembro de 2011

Anteverso

Toca-me no pensamento teu verso. Conduzido pela cadência de quentes fluidos, quando dentro, ...pelo teu hálito quando está perto, ...mesmo de um vento frio quando longe. A distância não é mais geográfica.
No jardim do meu peito jazem pegadas de sombras que tateiam trôpegas pelo labirinto das minhas dúvidas e são guiadas apenas pelo cheiro doce da minha esperança muda.
Nas entrelinhas do paladar, a menor vogal sussurrada pode ferir a beleza desses séculos de segundo em que o meu silencio canta ao teu.
Meus olhos marejados e confessos me-ditam se é tempo de aportar. Amar, beirando a certeza do talvez me arrisca a alma mais que a pele. Preciso me apoderar da morada que há em mim para poder te receber. Contudo, se prometer não se atrasar demais, asseguro-te esperar por toda a minha vida.