Axé

domingo, 1 de janeiro de 2012

Encontro Marcado

Não. Escrever sobre isto não é dar vazão a isto. Escrever sobre isto é extrair até a última gota de pensamento, risos, lágrimas, nostalgia, enfim, do que quer que seja isso que me colocou nesse lugar. E tocar os pés lá no fundo, no mais profundo de mim, para então dar aquele impulso que me levará de volta à superfície, onde é o meu lugar.
Preciso sentir outras areias nos meus pés. Banhar-me em outros mares. Curtir novas brisas no meu rosto. Amar e sentir saudade em outros idiomas. Tudo o que eu preciso e quero é ir em direção ao novo. Ao desconhecido. Para ver se me reconheço lá. Primeiro, em busca das minhas raízes, do meu sotaque, da minha alegria infantil, das minhas artes, dos flocos de vida, perdidos no desgaste da minha [F]ortaleza. Ir para poder voltar. Mas tudo o que eu preciso no momento é partir. Para dentro. Hei de reencontrar meus fragmentos perdidos nos lugares por onde eu passar. Já gastei a última volta de linha do novelo que me prendia a esse lugar. A última gota. A derradeira amarra que ancorava essa embarcação.
Não, não é hora de aportar. Cansei de colecionar vontades. Quero saciá-las. Degustá-las. Sem data para chegar. Sem a intenção de chegar. Não dá mais para me espreguiçar. Agora eu sinto o peso das minhas hesitações. Da minha velha arte de procrastinar sonhos. Hoje, quero mais a mim.
Se a fênix já me deu o primeiro sinal, é preciso segui-lo. A partir dele estou no início de um novo caso de amor. Comigo mesma. Que, como tal, deseja a todo custo agradar a mim insaciavelmente. Um amor que necessita avidamente da minha própria companhia. Que me flerta e me namora, me direciona e se insinua para mim. É um amor delicado, que requer dedicação plena, corpo e alma a ele. Para tanto, preciso de tempo e amplidão. Para fazer todas as minhas vontades, resgatar antigos anseios, para fazer tudo o que eu quero e mereço. Do jeito que eu mereço. Tempo para abraçar o mundo. Tempo para caminhar sem pressa até a outra margem. Apreciando mais o percurso que o destino. Tenho energia demais para um só lugar, para uma só coisa, para uma só garrafa ao mar. Eu sei. É espantoso e estranho me apreender. Há mais mistério em torno de mim, do que eu mesma posso supor. Marquei esse encontro e não admito mais atrasos.

4 comentários:

  1. muito massa
    o texto
    e Parabéns pelo blog...
    está excelente
    abraços e axé

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  2. As coisas estão acontecendo, com a energia imputada naquelas despretenciosas, destreinadas e destraidas palavras... Mas estao. Obrigada papai do Ceu!

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