Axé

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Por hora...

Não se tem mais nada a fazer. Nem mais nada a esperar. A não ser o tempo do dia de hoje acabar, todo dia. “Melhor que seja logo” Maldita seja esta frase! Nunca me arrependi tanto de ter dito tais palavras, dizia eu a mim mesma, como um adicto lembrando o último trago e suplicando por mais uma pontinha. Na memória, Haja o que Houver toca insistente e inconveniente, a disputar espaço com uma puta dor de cabeça. Aquelas que sucedem um longo choro convulso. Quem me dera a dor fosse apenas essa. Preferiria senti-la na enésima potência a suportar sozinha, esses pontos mal costurados e violentamente rasgados no meu coração. Tudo a sangue frio, bem ao meu estilo. Quem mandou ser forte assim...
E as músicas, e os poemas, as declarações de amor na ponte, as cópulas homéricas, as mensagens apaixonadas envoltas pela fibra ótica, as cópulas homéricas, as emoções experimentadas a lágrimas, as cópulas homéricas... E os planos...? ...tão bem arquitetados pelo sonho... Ah, aquelas cópulas homéricas...
Não é possível que não haja um querer sincero nisso tudo. Não é possível que não haja um SENTIDO nisso tudo. Quando não há mais nada a se fazer, confia-se no tempo, nosso último apelo e refúgio. Ele nos dá o silêncio que precisamos, mesmo quando nem sabemos ainda quão precisamos. É sempre bem vindo. E ainda: ambos são amigos que jamais nos traem.
“Vamos tentar outra vez”. A sensação que tenho é que essas palavras não vão sair nunca de dentro de mim. Me senti um lixo, uma intrusa numa tribo prestes a ser sacrificada. Me sinto um Isaac, no alto do monte Moriá. Eu e essa mania de alteridade...
Meus ouvidos poderiam ter sido poupados. Eu inteira poderia ter sido poupada. Mas eu não quis, pois essa não seria eu. É o risco que corre todos os intensos como eu. Essa é a paga dos amantes desavisados, que só escutam o coração. Será que foi tão intenso que gastamos todo o amor de uma só vez? Ou terá sido apenas o prelúdio de uma história ainda não escrita, pois ainda não era a hora... ... Só o tempo dirá.
Nesse ínterim, a solidão me faz companhia. O caminho se faz caminhando. E não vou mentir, penso sim em deixar visíveis rastros, para que possa me encontrar. Reencontrar. Por hora, sigo fazendo o meu destino, enquanto busco ainda um sentido pra isso tudo.

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