Axé

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Moinho

Aprendi que algumas intercorrências da nossa vida servem para ver se as pessoas que afirmam amar, de fato aguentam o tranco. O que aconteceu afinal com o amor? Tenho vivido muitas coisas maravilhosas e outras não tão fáceis. Muita coisa boa aconteceu, mas outras muito ruins também. O bom do passar dos anos é que nos traz belos arrependimentos... E através deles hoje cultivamos cautela. Declarar-se e expressar o amor desmedido e imaturo, sempre faz bem a um ego carente. Tanto pra quem manifesta quanto pra quem recebe. Mas será que amamos na tristeza...? Na doença...? Na loucura... Ou será que ao primeiro sinal de tormenta deixamos o outro só ao leme e nos atiramos no mar... Os ventos nos sopram favoráveis, mas quando aprendemos qual rumo tomar. E nossos resgates vêm de dentro, que quase sempre é de onde menos esperamos. Por que leva tanto tempo para aprendermos isso?
Aprendi que expectativa sempre gera algum sofrimento. E eu nunca soube amar na berlinda. Então, entregar-se é correr o risco da frivolidade alheia. Porque, deixar-se gostar, desprender-se, deixar que ele ferva nas veias e eletrize suas sinapses e expanda pelo perispírito, até sentir o arrepio das borboletas bailando gélidas no estômago... sem nada esperar em retribuição, ou no mínimo o mesmo de volta... é hipócrita, masoquista, desumano... é “não-humano”.
Aprendi que quanto maior o resgate de dentro para fora, mais o universo conspira a meu favor. E ele vem me inspirando confiança, traquejo, e principalmente intuição para seguir adiante. Quem quiser me seguir, afine-se. Acompanhe meu ritmo, dance conforme o meu canto, ou pegue uma balsa e me surpreenda no próximo porto. Minhas pegadas deixam rastros fundos e sólidos na minha história. Mas não espero ninguém na outra margem, pois caminho apreciando mais o percurso do que a chegada. Nenhum vento desviará minha barca. Nenhum raio mudará o meu caminho.

3 comentários:

  1. Nenhum raio mudará o nosso caminho, Jéssica. Amei o texto.

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  2. Um belo texto, que pretende definir um conceito tão abstracto, que só acabamos por o perceber, quando o sentimos em concreto. O amor é um poço, no qual mergulhamos, sem conseguirmos ver-lhe o fundo.
    Alexandre de Castro (Alpendre da Lua)

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  3. E desde que o mundo é mundo, desde que o homem aprendeu a pensar, que do mais simples pescador ao mais conceituado filósofo, suas mentes dão voltas e voltas em busca de entender a essência do amor.

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